Estação dos passageiros invisíveis
Por Pádua Teixeira (BH) *
O que se faz quando não temos mais nada a fazer? O destino já foi traçado e a sentença e morte decretada. Foram 50 minutos com o suspiro preso na garganta e o grito que não saía. Foi assim que a INMundos Companhia Teatral deixou a plateia com a apresentação do espetáculo “Estação dos passageiros invisíveis”. Baseado em fatos reais, a história gira em torno de um casal, moradores em situação de rua.
O jovem autor Rafael Coutinho acertou ao contar uma história corriqueira e, ao mesmo tempo, surpreendente, sempre nos deixando estarrecidos diante da violência. O autor Plínio Marcos também foi fonte de inspirações. Destaque para o jovem casal de atores, Pri Helena e Bruno Quiossa, numa atuação contundente, real. O figurino simples não compromete em nada o espetáculo. Chama atenção o sapato da personagem “cunhado”, a princípio completamente fora do contexto. Mas, pensando em Plínio Marcos, torna-se coerente, pois o sapato é o mote do espetáculo “Dois perdidos numa noite suja”.
A direção de Leonardo Cunha está na medida certa. Marcações firmes, bem desenhadas, o que deixa o espetáculo limpo. Pouco ou quase nada de objetos em cena, o que valoriza o trabalho dos atores. O cenário simples cumpre a função. A iluminação criativa recria o ambiente onde a encenação acontece: uma estação de trem abandonada. Destaque para a trilha sonora. É um elemento a mais, completando e trazendo o barulho da noite e dos vagões sobre os trilhos do trem.
Fotos por: Rodrigo Souza
Trata-se de um espetáculo novo que, com certeza, vai crescer e amadurecer na estrada longa pela frente.
Estação dos passageiros invisíveis foi apresentado no dia 2 de setembro, às 19h, no Diversão & Arte.
* Pádua Teixeira (BH) é diretor e produtor teatral.