"Não é nada disso que você está pensando": o novo show do artista Fred Fonseca leva esse nome por ir além de uma apresentação musical. O músico, multi-instrumentista, intérprete, compositor e escritor reúne suas habilidades artísticas em um espetáculo no qual instiga o público a achar suas respostas - é, segundo ele "um show retrocouch da realidade individual". A apresentação ocorre nesta quinta-feira, no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (MAMM), às 20h, com entrada franca. Não há ingressos antecipados - é só chegar! Saiba mais sobre o novo show de Fred Fonseca em Juiz de Fora, que bateu um papo com o Zine Cultural. 

Fred Fonseca apresenta seu novo show, Não é nada disso que você está pensando" nesta quarta-feira, no Museu Murilo Mendes (Foto: Celine Billard)

ZINE: Por que o nome "Não é nada disso que você está pensando"?

Fred Fonseca
"Primeiro por não ser apenas um apresentação musical. E que o todo que temos passado cotidianamente e sendo desconstruído sempre no amanhã com notícias, boatos e coisas do gênero, mostra a instabilidade de crer em qualquer verdade, pois a cada momento vemos que não é nada disso que estamos pensando. Mas as vezes, será que é realmente nosso pensamento ou uma influência do meio. Enfim, trazer um pouco o público para o lado do absurdo e ver que realmente nem todo sentido faz sentido.A ideia é confundir mesmo. Quero propor perguntas, pra que cada um ache sua resposta"

Quem acompanha o trabalho e a extensa carreira de Fred Fonseca já está familiarizado com a versatilidade do artista e, principalmente, com a sua obra "fora da caixa". Nos últimos tempos se dedicou a trilhas para o teatro - é autor da composição da peça "Terra Sem Acalanto" (2018), da Companhia Sala de Giz, e de curtas como o Mobile Haikai (2017). Também atuou ao lado da atriz Denise Milfont na leitura do livro "Amor", de André Santana, com execução da trilha ao vivo por seu grupo de experimentação, 4zero4.

4Zero4, projeto de experimentação de Fred Fonseca (Foto: divulgação)

No show "Não é nada disso que você está pensando", Fred faz uma apresentação solo, que marca sua volta aos palcos após um período de afastamento. Nesse tempo, seu lado músico se aproximou de seu lado artista, o que permitiu a construção de um espetáculo totalmente autoral e solo, sobre o qual paira um ar de suspense: "Estou estreando com essas canções e experimentando algumas coisas. Tudo muito inédito, escondido até dos meus possíveis convidados! hahaha", explica. 

Com samples, sintetizadores, violão, lapsteel feito de skate, ukulele, voz e loops, o músico leva para o palco canções nas quais conta histórias, enriquecidas com as suas vivências e experiências musicais, assim como por pesquisas na área de tecnologia e áudio. Desse modo, foi tecida uma espécie de roteiro que contextualiza com a mensagem que passa para o público. O artista nos explicou um pouco sobre o seu processo criativo:

"Eu trabalho muito as possibilidades de rumo que a realidade poderia tomar. Analiso os caminhos, escolho os mais absurdos e no caminho dessas histórias eu vou escutando tudo. Porque algumas já vem com a trilha sonora pronta, sabe? Então, é meio cinematográfico meu processo de compor, penso no todo pra entregar no momento de apresentar o tudo que aquela obra tem pra oferecer". 

Fred Fonseca apresenta o show inteiramente solo (Foto: Celine Billard)

No novo show, seguindo o conceito de ir além de uma apresentação musical, Fred sobe ao palco também como ator e o palhaço que colabora no seu papel de intérprete, o Apolinésio: "Eles se encontram no mesmo espetáculo sempre. São a mesma pessoa. Ele transpassa o lado de artista, trazendo as possíveis comicidades", ressalta. Logo, o espectador pode esperar uma dinâmica instigante ao participar dessa experiência musical e artística. 

Imerso em um universo experimental de áudio, cenas e vídeos, Fred desenvolveu, em um perído na Colômbia, trabalhos com a videasta francesa Celine Billard e os grupos de dança N'Obra e Cofradia Danza, que resultou em uma série de vídeos que pode ser conferida no canal do 4zero4 no Youtube.

Durante sua estadia no país, aperfeiçoou seu trabalho com Apolinésio, além de ter se dedicado ao estudo da "atmosfera musical contagiante e também trabalhar nas captações de áudio dos documentários". Se é o que estamos pensando ou não, saberemos nas próximas produções de Fred Fonseca: "Foi um processo que me abasteceu pra um trabalho próximo futuro que em breve eu vou apresentar. Agora que eu achei o caminho do fazer, não tem como parar", diz. 

Fred Fonseca em 2017, com o bloco Parangolé Valvulado

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