Habitando ruas e histórias
"Acredito que grande parte do filme tenha dado certo porque eles queriam ser ouvidos e é isso que a sociedade tem de notar", comenta o diretor de fotografia de Guilherme Landim, sobre as gravações do documentário “Habita-me se em ti transito”, lançado na última semana em Juiz de Fora. O filme registra a busca pela sobrevivência, a fragilidade social e psicológica, os vícios e as alegrias de dez pessoas em condição de rua.
Still | Leonardo Barbosa | 2013
Com direção de Cláudia Rangel, áudio de Big Charles e edição de Tadeu Carneiro, o trabalho contou com o apoio da Lei Murilo Mendes e faz parte da pesquisa de mestrado de Guilherme, demorando cerca de dois anos para ser concluído, desde a pré-produção até a edição. "Acredito que o principal diferencial de Habita-me foi o fato de ouvir o grupo que abordamos, estarmos no ritmo deles, termos um contato próximo, sempre passando pelos lugares onde estivessem, parando para conversar. Vejo que muito ainda deve ser feito sobre o assunto, é um grupo muito grande da sociedade, em geral, quando notado é criminalizado, estigmatizado por diversos setores", conta Guilherme.
Wallace | Foto: Guilherme Landim | 2013
A fotografia e a sonorização também chamaram atenção ao captar o fluxo dos transeuntes de pano de fundo enquanto os moradores permanecem “estáticos” relatando suas experiências. "Uma questão que me trouxe muitas reflexões foi as histórias de quem está na rua, são histórias muito fortes, vejo muita vulnerabilidade, muitos estão na rua por um problema com o vício, por desemprego ou por algum problema com a família." Ao final, foram mais de trinta horas captadas, com diversos depoimentos.
"Atualmente desenvolvo o conteúdo do filme para ser visto nos locais onde foi gravado, através de celulares. Dessa forma, analiso as modificações feitas na mudança da linguagem. Também participo ativamente de discussões no fórum municipal de população em situação de rua. Após exibirmos em festivais de cinema pretendemos deixa-lo disponível na íntegra na internet", conclui.