Ingrid de Paula lança livro com 21 poemas sobre os obstáculos da mulher negra na sociedade!
No dia 26 de março, Ingrid de Paula completou seus 21 anos, e para comemorar a idade alcançada, lançou seu primeiro livro, com 21 poemas. A obra é intitulada Grito-me negra e conta com poesias sobre os obstáculo de mulheres negras na sociedade. A rede de poemas tem o objetivo de mostrar para as mulheres que se identificam com o tema, que não estão sozinhas. Confira detalhes sobre a obra e a escritora logo abaixo:
(Foto: Italo Adriano)
"Por nossa ancestralidade, por nossas mães, por nosso Império roubado, escrevemos e poetizamos nossas dores, porque sem a arte a vida seria ainda mais insuportável." - Ingrid Danielle
Confira uma parte do Prefácio do livro Grito-me Negra
Garanto que esses poemas vão te levar ao exato momento em que parou de verdade para refletir sobre as dores dos nossos ancestrais, quando chorou pelos corpos desumanizados, quando sua mente atravessou o Atlântico e percebeu que somos filhas e filhos de reis e rainhas de impérios destruídos e usurpados. Quando decidiu vingar seus ancestrais, determinou romper com as expectativas pré-estabelecidas e ser mais que um corpo marginalizado.
Conversamos com a escritora, que contou para nós sobre o motivo que a fez escolher o nome do livro, a razão pela qual escreveu e mais. Confira abaixo:
1) Por que Grito-me Negra?
"Existem algumas explicações para o título. A primeira, e mais importante, é para dizer quem são minhas referências. O poema �?ogritaram-me negra�?� da Victoria Santa Cruz narra como esse processo é doloroso e muitas vezes passa pelo viés do racismo. Mas há uma transformação poética no final: sou negra mesmo com orgulho, e daí? �? meio essa pegada, saca? Foi um poema importante para minha vida. Em meu livro, tento deslocar a percepção do outro (branco) para minhas próprias percepções que dizem respeito às mulheres negras no geral. �? o nome também do primeiro poema que abre o livro e fala um pouco da totalidade da obra. Antes eram �?ogritaram-me�?� e agora com muito orgulho, dores �?ogrito-me negra�?� como construção de uma identidade pessoal que diz respeito ao coletivo."
2) O que te levou a escrever o livro? E por qual razão escolheu escrever no formato de poesias?
"Eu queria escrever esse livro para que todas as mulheres negras se sentissem acolhidas. Nossas vivências, em todos os âmbitos, são diferentes de vivências brancas. �?s vezes nos sentimos tão solitárias...�? aquilo: aquilombar-se é preciso. Eu estava com muita coisa engasgada, há muito tempo. Escrevi esse livro em menos de 10 dias, ele literalmente saiu de mim, em poesia, por ser imersa nesse meio, acredito. Não da forma tradicional, mas o RAP me acompanha pelo menos 26 horas por dia, ouvindo, refletindo e analisando. Tenho outro projeto em andamento: um livro de contos, então tem mais produções em formatos diferentes. "
A relação de Ingrid com a literatura vem de um bom tempo, a autora sempre gostou de ler e escrever. Além disso, a escritora pensa que, manifestações artísticas como filmes, músicas, batalhas e slans também podem ser considerados literatura.
"Nós somos muito presos à cultura escrita e canonização dos gêneros. E o literário que muitas vezes faz sucesso é pelo viés do homem branco. Quando entrei no curso de Letras na UFMG, essa elitização ficou mais perceptível. As manifestações orais, como cordéis, e essas que já citei, têm pouco reconhecimento perante à academia. Espaço para literatura negra quase não existe. �? um questão que reflete quem são nossos professores e o perfil das universidades no geral. Literatura para quem e de quem? Perguntas que nos guiam ao campo racial, e ser uma mulher negra que escreve já é um meio de quebrar com essa �?oliteratura�?�." Ingrid de Paula
�Y". O livro de Ingrid está disponível em eBook, na Amazon, confira com um clique abaixo: �Y'?
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