Já conhecida no mundo do Rap, Laura Conceição (@lauraconceicao10) agora se aventura em outros ritmos musicais, como o blues que marca o seu novo single "Sossego".


O single chega às plataformas de streaming no dia 27/05 (sexta-feira) e demarca uma nova fase com outras e novas musicalidades no trabalho da poeta.


Conheça mais sobre a história do single e o novo álbum de Laura:

 

 

Laura Conceição e o single "Sossego"

 

Efeito dominó é o nome dado ao desencadeamento de uma série de eventos a partir de um único gesto. A isso se relaciona Laura Conceição em sua nova música, “Sossego”: “Eu sou uma peça que quando tropeça desanda / O jogo de dominó”. Uma mudança leva a outra, e mais outra. O single demarca uma dessas mudanças, que, por sua vez, anuncia um álbum de outras e novas musicalidades no trabalho da poeta que faz música.


Primeira música do álbum previsto para julho, “Sossego” surgiu em casa, durante a pandemia, num momento de muitas incertezas, inseguranças e angústias. A canção retrata um desejo de transformação vivido pela própria autora e por toda a sociedade. A quietude que Laura repete ao longo da música era desejo seu e de todo mundo. “É um desabafo”, afirma Laura. “Ela tem uma mistura, junta experiências pessoais, coisas muito singelas, o que realmente vivo – falo de casa de vó – e coisas que acontecem no mundo. É uma mistura de pequenos pensamentos que vieram à minha cabeça e fui encaixando na letra”, diz.


No novo álbum, em fase de finalização, “Sossego” tem versão alongada. Segundo a artista, o primeiro single sintetiza bem o novo projeto. “Ele mostra muito a mudança da pegada da minha musicalidade. Tem as linhas com que sempre trabalhei, mas de uma forma diferente, de forma mais melódica, mais cantada. Isso é o que quero mostrar com meu novo trabalho, que a poesia, que as linhas de soco, que tudo o que sempre esteve na minha arte, permanece, mas de outra forma. Existem muitas formas de fazer poesia e trazer a reflexão”, assegura Laura Conceição, que na letra da nova música também reafirma sua rota. “Tem essa questão de como é difícil ser artista. Quando eu falo ‘eu não largo esse osso, nem que essa corda me arranque o pescoço’ é isso. E quando falo que não vou mais engolir me refiro à situação política que vivemos. É sufocante ser artista independente, rola uma angústia. O artista consegue sossego?”, pergunta, de maneira retórica, para logo responder aos risos: “Não sei”. A busca é o caminho, defende em gesto e música.


Em “Sossego” a poeta canta blues. “‘Blues da piedade’ foi um referencial”, aponta, referindo-se à música de Cazuza, citada em trecho do novo single. “Gosto de transitar entre os ritmos e acho que isso enriquece o texto. Quando eu era adolescente, tocava blues com meu tio. A família tinha uma banda, que tocava nos encontros festivos e a gente sempre tocava B.B. King. E para a música pensei em trazer para a música brasileira. Por que não usar a métrica, a rima, o referencial do rap, da poesia, do slam, dos jogos de palavras dentro de uma estética do blues? Melodicamente, nesse álbum, eu queria rimar em outros ritmos”, explica, certa de que as mudanças mantêm uma raiz, um fundamento preservado, um ponto de partida do qual caem as peças do dominó. “A essência, a minha essência, é o rap”, finaliza.

 

Letra Single "Sossego"

 

Sossego eu só quero sossego

Sossego eu só quero sossego

Tipo o Tim Maia mesmo

Eu só quero sossego

Tipo o Tim Maia mesmo

 

Acordei me lembrando de Tim

Fui dormir depois do butiquim

Pensando no amor de vitrine

Mas pessoas não são manequins

 

deixei uma carta

Na porta de de casa

Pra me despedir

Pois eu tô de partida e vesti minha alma pra ninguém despir

Estou acostumada a cuidar do seu gato

Pra você se divertir 

Isso tudo é mentira

Fofoca vazia então que eu vim desmentir

 

 Ontem eu dormi foi pensando nos papo que o Milton tinha com a Elis

falaria pra eles

Que eu não vou desistir

E eu não largo esse osso

Nem que essa corda me aperte o pescoço

E eu não possa mais deglutir

 

Bom que eu não vou mais te engolir

Bom que eu não vou mais…

Sossego eu só quero sossego

Sossego eu só quero sossego

Tipo o Tim Maia mesmo

Eu só quero sossego

Tipo o Tim Maia mesmo

 

E as ruas já sabem

As esquinas e os bares escolas e todas as casa de vó

 se você me deixa faz parte eu não deixo a minha arte pois ela não volta a ser pó

 

Eu sou uma peça que quando tropeça desanda 

O jogo de dominó

Arte desatadora que busca a santa que desata o nó

 

Debaixo do pé de laranja lima

Pensando se a mina

Também pensa em mim

Mas eu aprendi que a dor me fascina e não existe vacina pra isso só gin

 

Vamos pedir piedade Meu deus Piedade

Pra essa gente careta e covarde

Vamos pedir piedade

meu deus Piedade

Dê a eles um pouco de coragem