Poetisa, cantora e atriz
Poetisa, cantora, atriz e também jornalista, Elisa Lucinda se divide entre todas essas funções brilhantemente! Rosto conhecido pelas novelas, voz conhecida nas músicas e participações especiais, sua escrita está prestes a ser conhecida de vez no Sesc Literatura deste mês, que acontece amanhã (29), no Cine-Theatro Central. Em um bate-papo com o Zine Cultural, Elisa falou sobre suas inspirações, a entrada no mundo da escrita e a leitura na sociedade atual!
Quando começou seu interesse pela poesia?
Eu gostava de falar poesia nas festas de escola. Acho que eu já gostava é de me apresentar e a poesia me atraiu logo na infância. Observadora, quando eu tinha apenas onze anos, minha mãe me botou para estudar declamação com dona Maria Filina, uma artista maravilhosa que me ensinou a poesia falada de um jeito tão divisor de águas que até hoje seu método faz sucesso. É a base do que eu uso e é um dos meus ofícios principais: dizer versos. Quando mais tarde, aos 17 anos, vieram os primeiros poemas meus, eu já sabia de cor milhares de poemas dos grandes poetas modernistas da língua portuguesa que eu tinha aprendido com a minha professora. Só hoje compreendo que a descoberta da poesia em minha vida foi um "eureca". Desde menininha eu sempre senti um grande espanto pela vida, um forte impacto da sua beleza aos meus olhos e em mim. No entanto, só hoje vejo que é a poesia quem veio ao meu socorro para dar nome a esse espanto.
Quais autores mais te inspiram ou são referência para você?
Acho que o Fernando Pessoa é o grande autorizador de todos nós, da minha geração e da que nos antecedeu. Mas ele não está só. Há o Quintana, a Adélia, o Drummond, o Bandeira e a própria Cecília, que me ensinou as delicadezas com as suas sofisticadas cantigas. Tem muita gente poeta que funcionou e funciona como mestre em mim. Livro de poesia você nunca acaba de ler e com os outros poetas você nunca cessa de aprender.
Você acredita que o jovem lê menos atualmente?
Acho que sim e não e acho que, seja o que for, é transitório. Se de um lado eles estão sem paciência para ler livros de muitas páginas, por outro lado eles estão lendo até para namorar. As pessoas estão se escrevendo, é a volta das cartas, só que onlines. Chegam na hora e em tempo real. Eu estava preocupada com isso. Achava que ninguém escrevia mais nenhum bilhete, que dirá uma missiva. Mas não. Está todo mundo se escrevendo para tudo, todos os assuntos e consequentemente lendo mensagens e muitos conteúdos o tempo inteiro. Eu acredito que o livro vai seduzir as pessoas sempre e como objeto não acabará. Acho que com o tempo a gente ajeitará essa vida moderna de modo que ela amplie nossa capacidade de absorver os saberes e desenvolver nossas intelectualidades. O livro sempre será mágico e ler é ainda a viagem mais barata do mundo.
Qual o papel da poesia na sociedade brasileira? Você acha que ela está perdendo espaço para outros formatos literários?
Não, eu acho que ela vem melhorando, vem ampliando os seus espaços. Eu mesma faço muitos recitais por ano e vou a milhares de feiras de livro onde tem sempre a poesia no cardápio. Aliás, as feiras de literatura do país têm se ampliado vertiginosamente. Outro dia falei poema dentro de uma feira do livro, em uma feira pecuária, para se ter uma ideia. Vejo muitos recitais no país inteiro. A poesia não acabará!
E dentre tantas funções e papeis que você desempenha brilhantemente, há algum novo sonho por explorar?
Há sim, mas eu não quero dizer. Estou batendo todos os tambores para ele acontecer. Quando acontecer eu conto!