Sítio dos objetos
Por Pádua Teixeira (BH) *
A companhia Mariza Basso Formas Animadas (Bauru | SP) trouxe para o Festival o poético “Sítio dos Objetos”. O fato de colocar em cena animais e plantas confeccionados com simples objetos, comuns em nosso dia a dia - como, por exemplo, espanador, funil, guarda-chuva, garfo - já é por si só um motivo que leva o público a gostar do espetáculo. Ponto alto também para a ambientação da história: um sítio nos cafundós de São Paulo, que poderia ser também em qualquer interior do Brasil.
Nos dias de hoje, a vida corrida da cidade grande nos deixa estressados e, por vezes, incapacitados de olhar, observar as coisas simples da vida, como o nascer do sol, o pôr do sol, a noite, as estrelas, a lua cheia... O espetáculo conta a história de um solitário homem do campo, construindo sua casa, plantando, criando galinhas, vacas, porcos. Enfim, retrata, de forma lúdica, a vida no campo. Passarinhos fazendo ninhos, a chuva que faz brotar a vida. Flashes de máquina fotográfica tornam-se relâmpagos, anunciando a chuva, o temporal. Um simples guarda-chuva, num maravilhoso sol. À noite, os pirilampos, ou vagalumes, enfeitam como pisca-pisca de árvore de natal a noite de lua cheia. A música alta não tira o brilho da trilha sonora, com preciosas melodias de Almir Sater, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal. No final do espetáculo, as crianças saem tendo aprendido a fabricar brinquedos saídos de sua imaginação. Também vale ressaltar o trabalho de corpo da atriz Mariza Basso. O que fica na memória é que a simples forma de viver é o mais importante.
Fotos por: David Azevedo
O espetáculo foi apresentado no dia 3 de setembro, às 15h, CCBM.
* Pádua Teixeira (BH) é diretor e produtor teatral.