
Histórias de Juiz de Fora: 5 coisas que aconteceram primeiro na cidade e você não sabia!
Nossa Princesa de Minas é sede de muitas coisas incríveis. De museus, de bares alternativos, de diversos bares com música ao vivo e também de opções naturais que fazem os amantes de trilha e natureza pirarem.
Prova dessa excentricidade da cidade de Juiz de Fora é que o município já foi pioneiro em muitas ações e acontecimentos históricos que marcam não apenas a trajetória do local, mas também contribuem para escrever os avanços do país como um todo.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade (Foto Anderson Ferreira)
Como no Zine prezamos pelo bom entretenimento e informação, fomos em busca de quais são esses fatos de pioneirismo que ocorreram aqui em Juiz de Fora
Confira a lista!
1. Primeira usina hidrelétrica do país e da América Latina
Os primeiros watts/hora (W/h) de energia hidrelétrica gerados na América Latina foram possíveis graças às águas do Rio Paraibuna, que atravessa a Zona da Mata mineira e deságua no litoral fluminense.
Há mais de 120 anos, quando as turbinas importadas dos Estados Unidos giravam pela primeira vez na Usina de Marmelos, em Juiz de Fora, ocorreu de forma inédita no país a transformação da energia mecânica em elétrica.
Foi o salto inicial para que o Brasil se tornasse um dos maiores produtores de energia hidrelétrica do planeta. Cinco anos antes, as águas do Ribeirão do Inferno, em Diamantina, já tinham sido usadas para gerar energia, mas ela ficou restrita ao uso de mineração de diamantes, sem grandes registros.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Usina de Marmelos (Foto Prefeitura de Juiz de Fora)
A usina levantada às margens do Paraibuna acelerou o processo de desenvolvimento da técnica no Brasil, que passou a olhar para seus rios como fonte de uma riqueza que iria além da pesca e da mobilidade.
A iniciativa da construção da primeira usina hidrelétrica do continente partiu do industrial mineiro Bernardo Mascarenhas, figura conhecida dos juiz-foranos, que, com objetivo de ampliar sua produção de tecidos, buscou por vários anos uma forma mais moderna e prática de movimentar os teares de sua empresa têxtil.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Usina de Marmelos (Foto Prefeitura de Juiz de Fora)
Em 1878, depois de visitar a Exposição Universal de Paris, onde se encontrou com empresários de outros países e conheceu pesquisas e novidades tecnológicas desenvolvidas no exterior, Mascarenhas resolveu apostar na energia dos rios como forma de gerar energia.
A título de curiosidade Bernardo Mascarenhas foi um empreendedor brasileiro responsável, entre outros feitos, pela fundação da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas e, juntamente com Francisco Batista de Oliveira, da Companhia Mineira de Eletricidade e da Usina Hidrelétrica de Marmelos
2. Primeiro registro de uma partida de Futebol no Brasil
Antes de contar essa super história, já avisamos que ela vem com polêmica, afinal Charles Miller é tratado como o pai do futebol brasileiro. A história, contada em vários livros, aponta ele como o homem que trouxe literalmente a bola para rolar em terras brasileiras, no fim do século 19, em 1894.
Tendo como registro, até então, a primeira partida no país seria entre o São Paulo Railway e a São Paulo Gás Company, em 14 de abril de 1895, na cidade de São Paulo.
Porém, os registros de uma instituição de ensino centenária de Juiz de Fora mostram que é possível que a bola já estivesse rolando no país algum tempo antes. Está documentado que em 1893 - ou seja, dois anos antes do jogo registrado por Miller - dois times de alunos disputaram uma partida nas dependências da escola.
John McPhearson Lander foi o primeiro diretor do Granbery (Foto: Reprodução/Livro Granbery )
Ernesto Giudice Filho, professor de História com formação em Arquivística, foi o responsável por tornar os arquivos do Instituto Metodista Granbery públicos e contar a história da tal partida que teria acontecido no local que tem mais de 100 anos e uma importante posição na iniciação esportiva de muitos jovens da cidade.
Dessa forma, teríamos um novo precursor da primeira partida de futebol no Brasil. Trata-se de John McPhearson Lander, primeiro reitor do Granbery e diretor do colégio na época (chamado então de Collegio Americano Granbery). O americano participou dos primeiros passos da instituição e foi responsável por registrá-los nos Livros de Matrícula do colégio.
O fato do diretor em vez de publicar apenas matrículas e notas de alunos, como de costume, passar a escrever também fatos de forma cronológica permitiu que que fossem encontradas duas citações que chamam atenção para o futebol, que teoricamente ainda não havia chegado ao Brasil.
Convite do Collegio Americano Granbery, publicado na edição do dia 23 de junho de 1893, no jornal O Pharol em Juiz de Fora (Foto: Heglison Toledo/Arquivo Pessoal)
Os dois registros datam de 1893. O primeiro deles menciona que houve a introdução de "foot-ball e tennis" no Granbery. O registro seguinte, do mesmo ano (em 24 de junho), fala da realização do “field day”, um evento com várias competições de atletismo, críquete e “foot-ball” entre alunos.
Dois times formados por estudantes e denominados de Gregos e Troianos se enfrentaram no campo do Granbery, local onde hoje estão os vestiários da parte esportiva da instituição.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Primeira partida de Futebol
A palavra foot-ball causaria dúvida, pela possibilidade de ser uma referência ao futebol americano, do país de nascimento de Lander. No entanto, uma carta escrita pela filha do reitor, quase um século depois, indica que a palavra fazia menção ao esporte criado na Inglaterra.
Ou seja, até o futebol é mineiro e nascido aqui nas terras da Princesa de Minas!
3. Primeira transmissão esportiva de TV foi em Juiz de Fora
A primeira transmissão de imagens em movimento em circuito aberto no Brasil ocorreu na Rua Marechal Deodoro, no número 373, numa oficina que fazia conserto de eletrônicos, em sua maioria rádios.
Esse endereço era onde trabalhava Olavo Bastos Freire, que, vindo de Leopoldina, testava o equipamento construído ao longo dos anos e e foi o responsável por essa transmissão.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Olavo Bastos Freire (Foto Reprodução Facebook)
O ano era 1947, o homem instalou o receptor no fundo do quintal e a câmera foi deixada na janela, focalizando o bonde que passava na rua. A transmissão foi feita por ondas hertzianas e a distância não ultrapassava 20 metros usufruindo dos seus conhecimentos como radioamador.
Em 1948, Olavo tornou público seu experimento e transmitiu a passagem do bonde no Edifício Clube Juiz de Fora para uma plateia de nomes de prestígio de Juiz de Fora.
A câmera ficou no prédio da Prefeitura, hoje ocupado pela Funalfa. O receptor ficou numa loja na Avenida Getúlio Vargas. E os convidados acompanharam a filmagem, não a transmissão.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Primeira transmissão de TV (Foto Prefeitura de Juiz de Fora)
Em 21 de maio de 1950, portanto meses antes da inauguração da TV no Brasil, Olavo Bastos Freire transmitiu o jogo Tupi x Bangu, em Santa Terezinha, para televisores colocados no Centro de Juiz de Fora. Aquela foi a primeira transmissão esportiva do país e da América do Sul.
Meses mais tarde, em 18 de setembro de 1950, o jornalista e empresário Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi, primeiro canal do país.
A partir dos avanços tecnológicos promovidos pelo conhecimento de Olavo, Juiz de Fora foi pioneira em mais esse grande passo para toda a comunicação.
4. O primeiro Padre Surdo da América Latina é de Juiz de Fora
Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier nasceu em 1921. Formado em Teologia e Filosofia, Monsenhor, que já tinha passado por todas as etapas para se tornar padre, precisou ir até ao Vaticano em Outubro de 1950 solicitar pessoalmente ao Papa Pio XII a exclusão do impedimento canônico da lei que proibia deficientes auditivos de trabalharem como párocos.
Felizmente, o pontífice de maior cargo na Igreja Católica acatou o pedido e em em 31 de janeiro de 1951, oficializou a decisão.
Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier (Foto CNBB)
O padre juiz-forano a partir de então iniciou seus trabalhos cristãos e realizou missas e casamentos pela cidade.
Ele se destacou por fundar 18 pastorais dos surdos no Brasil e três pastorais fora do país. Em Juiz de Fora, o pastor estava desde 2001, quando fundou a pastoral dos surdos da arquidiocese. Na cidade, ele ainda atuou como arquivista da Cúria Metropolitana.
Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier (Foto CNBB)
Falecido em 2009, seu legado influenciou uma profunda reflexão na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e incentivou a criação da Pastoral dos Surdos do Brasil.
5. A primeira galeria de MG é de Juiz de Fora
A vovó entre as galerias de Juiz de Fora, não é apenas pioneira na cidade, mas também em Minas Gerais. Estudos indicam que em 1923, ano em que a Pio X foi construída, não existia nada semelhante no estado e em território nacional, apenas a Galeria Cruzeiro no Rio de Janeiro.
O que coloca a construção juiz-forana como uma das pioneiras também no Brasil!
A iniciativa de sua construção partiu do comerciante visionário Arthur Vieira (1892-1952) e o projeto da galeria foi assinado pelo engenheiro-arquiteto italiano Rosimo Baccarini e executado pela Mancebo & Baccarini.
Galeria Pio X em rara imagem feita entre as décadas de 1940 e 1950 (Foto: Portal Maria do Resguardo)
Em 1923 já se previa a passagem para a Rua Marechal Deodoro da Fonseca, entretanto essa conexão foi realizada apenas em 1934.
A obra foi realizada pela construtora Pantaleone Arcuri, importante empreendedora deste período, tendo como destaque o arquiteto Rafael Arcuri na elaboração do projeto das fachadas.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade - Primeira galeria comercial de MG (Foto: Google Street View)
Situada entre a Rua Halfeld e a Marechal, a galeria abrigou e abriga lojas emblemáticas que fazem parte da história da cidade. A Pio X foi a primeira das muitas galerias comerciais construídas em Juiz de Fora.
Ao longo dos anos, essa malha que conecta o centro juiz-forano se tornou não apenas uma marca registrada da cidade, mas um marco no coração dos juiz-foranos.
Histórias de Juiz de Fora: O pioneirismo da cidade (Foto Anderson Ferreira)
Conhecer fatos históricos que foram destaques na cidade faz com que a força da Princesa de Minas seja relembrada. Se você conhece outras histórias que Juiz de Fora foi pioneira, nos envie por e-mail ([email protected]) ou pelo direct, iremos adorar construir esse conteúdo em conjunto!
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